O tiro e a culatra

| 27/10/2017 |
Felipe Augusto, presidente do sindicato. Foto: SAFERN
Um elefante, de fato, incomoda muita gente. 

Depois do absurdo atraso de quase três meses nos pagamentos aos profissionais do clube, o ABC se viu encostado contra a parede por um movimento legítimo dos atletas de futebol que, como diversos trabalhadores Brasil afora, recorreram ao sindicato para fazer valer os direitos inerentes a qualquer empregado. 

Ao longo da semana a Frasqueira acompanhou receosa os caminhos da negociação entre o clube e o intransigente Sindicato dos Atletas de Futebol do Estado do Rio Grande do Norte (SAFERN), representado na figura do presidente da entidade.

Tem jogo, não tem jogo, tem, não tem. A partida contra o Londrina/PR, no próximo sábado (28), foi usada para ameaçar a instituição ABC em caso de não satisfazer a vontade dos jogadores, também representados na figura do dirigente máximo do sindicato. 

Negadas as propostas alvinegras, recorreu-se à quitação de débito apenas com os atletas formados na Vila Olímpica, numa tentativa de montar um elenco até o final da semana para entrar em campo e não sofre com o W.O. e consequentes sanções por parte da CBF. 

E aí as máscaras passaram a cair.

Os jogadores da casa, de forte identificação com a torcida e a história centenária, toparam voltar aos treinos. Viram-se, porém, pressionados de forma asquerosa por futebolistas mais velhos e por um ex-jogador que assume funções de presidente de sindicato e advogado trabalhista, num claro atentado à ética dos dois cargos. 

Mais que isso, viu-se quase uma formação de quadrilha na tentativa de intimidar os jovens alvinegros, pessoas com salários em dia e, sim, com obrigações empregatícias em relação ao clube que lhes pagou o salário.

As palavras de Felipe Augusto ecoaram por toda Natal, e também fora dela. Ficou explícito como o golpe de Michel Temer a tentativa do dirigente em jogar o ABC às traças. Transparente feito águas cristalinas. 

Seu tiro certeiro atingiu-lhe a testa. 

O Mais Querido incomoda demais. E, mesmo na posição de culpado original, o alvinegro sai fortalecido da situação. Ninguém espera passar por tal sina, mas era o que faltava para unir novamente torcida, diretoria e os jogadores que realmente fazem valer a camisa que vestem.

Que venham Felipe, o sindicato e o Londrina! Se for para cair, cairemos abraçados. E atirando.


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